Exposição de Wagner Celestino inaugura espaço do Sesc 14 bis

No próximo dia 6 de outubro, o Sesc 14 Bis inicia suas atividades e apresenta ao público a mostra fotográfica Constelação Celestina, que reúne 147 imagens em preto e branco de grandes proporções do fotógrafo-documentarista preto Wagner Celestino (1952-), que evidenciam com sensibilidade a cena cultural afro-brasileira no estado de São Paulo. A exposição abarca mais de 40 anos de produção do artista, e a curadoria é do professor e artista visual Claudinei Roberto da Silva. A exposição fica em cartaz até 7 de abril de 2024, na área de Convivência da unidade (térreo). A entrada é gratuita.

A mostra revela a camada poética nos registros documentais do fotógrafo, em 147 retratos em preto e branco de pessoas negras em seus afazeres do cotidiano, como os retratos de cortiços e da Velha Guarda do Samba na cidade de São Paulo e em festividades, como os desfiles de Carnaval na av. Tiradentes e a Festa de São Benedito em Tietê (SP). Em sua maioria, as fotografias foram feitas entre o final dos anos 1970 e início dos anos 2000, incluindo uma série recente produzida pelo artista, em agosto deste ano, após uma imersão no bairro do Bixiga.

Paulistano nascido em 1952 na Vila Matilde, artista e documentarista autodidata com formação não-formal nas oficinas do Museu Lasar Segall no final dos anos 1970, Wagner Celestino atuou como repórter fotográfico, com ênfase na cobertura da noite paulistana. Voltando sua objetiva para a comunidade negra, passou a realizar um trabalho de forte viés artístico, retratando mulheres, homens e crianças pretos em seu cotidiano.

Indagado sobre seu especial interesse pela arte e história dos afro-brasileiros, o fotógrafo é enfático: “Espero que meu trabalho possa contribuir concreta e positivamente nesta luta constante contra o racismo e para ressaltar a relevância da nossa cultura popular afro-brasileira, considerada por muitos reacionários como uma cultura pequena e marginal. Quero deixar meu legado de resistência a essas deformações intelectualizadas e racistas”.

Para o curador, o trabalho de Celestino é “desalienizante”: “O conjunto de sua obra propõe um debate em torno da questão racial no Brasil, trazendo elementos de sua própria biografia para a sua fotografia, produzindo imagens que escapam à ideia carnavalizada do negro”, destaca Claudinei. Essas características podem ser observadas nas diversas ampliações exibidas nessa individual, como nas imagens da série Cortiços (1988), presentes na mostra, que originou o livro Cortiços – uma realidade que ninguém vê, de 1997, lançado pela Edições Loyola com patrocínio da ONG Associação APOIO e prefaciado por Dom Paulo Evaristo Arns.

Esses elementos estão presentes também na série (anos 2000) composta por retratos dos fundadores das escolas de samba de São Paulo, e das matriarcas da Velha Guarda do Samba, estes associados por Claudinei às “madonnas pretas” das pinturas de Lasar Segall. O sincretismo religioso surge também na captura de imagens da Festa de São Benedito, na cidade de Tietê (1997), interior de São Paulo: “(…) Aquela luz expressionista [do trabalho de Wagner Celestino] quase prata de sua fotografia analógica é muito próxima da cozinha da gravura em metal”, ressalta o curador.

Constelação Celestina traz também retratos de mães e filhos anônimos, de anônimos na Feira de Rio Doce em Olinda (1990), fotos da família do autor, como filha (2014) e filho (1997), pai e tio (s.d.); e as imagens de Paranapiacaba (2008), as únicas que fogem do retrato, mas cultivam uma melancolia semelhante, com seu jogo de sombras na paisagem e o claro-escuro da ampliação.

Uma série da recente produção do artista, composta por 48 retratos inéditos de moradores do Bixiga e personagens da Vai-Vai, do Centro Cultural Marieta e de integrantes da Pastoral Afro da Achiropita, complementam a exposição.

Serviço:
Exposição Constelação Celestina
Abertura: 6 de outubro, sexta-feira, 10h30
Horários para visitação: terça a sábado, 10h30 às 20h30; domingos e feriados, 10h30 às 18h30
Entrada gratuita
Endereço: R. Dr. Plínio Barreto, 285, Bela Vista, São Paulo – SP
Estacionamento: 250 vagas para carros e motos mais vagas de bicicletário distribuídas nos três pisos inferiores
R＄ 12,00 para as 3 primeiras horas e R＄ 2,00 a cada hora adicional (Credencial Plena)
R＄ 18,00 para as 3 primeiras horas e R＄ 3,00 a cada hora adicional (Público geral)

Para os amantes de fotografia e para todos aqueles que querem explorar novas maneiras de enxergar a arte, a exposiçào Constelação Celestina é uma ótima opção!