Moda & Beleza
Upcycling: entenda a sustentabilidade fashion!
Entramos em uma nova era da moda. O consumo consciente vem ganhando força. Na indústria, surge a necessidade (urgente!) de novas formas de produção. Os bazares e brechós (veja aqui e aqui), não são mais vistos apenas como um meio baratinho de fazer compras. Agora, são uma opção cool e que poupa o meio ambiente. Mas a indústria da moda continua criando novas peças, o que faz necessário a criação de novos meios de produção. Designers atuais estudam o uso de matérias-primas orgânicas e não poluentes, roupas multi-funcionais, design sem resíduos e gestão de resíduos. Nessa onda, o upcycling cai nas graças de muitos criadores (e consumidores). A gente te explica!
O upcycling adota um modelo de produção que propõe o reaproveitamento de tudo o que é produzido, se tornando uma alternativa ecológica e econômica. O objetivo é evitar o desperdício de materiais úteis, reduzindo o consumo de novas matérias-¬primas durante a criação de produtos e o consumo de energia, a poluição do ar e da água e as emissões de gases de efeito estufa.
A verdade é que de novo, o upcycling não tem nada. A primeira vez em que o termo foi usado foi lá em 1994, por um empresário alemão chamado Reine Pilz. Mas foi só em 2002 que o “upcycling” apareceu em um livro (Cradle to Cradle) e ficou mais conhecido pelo público. Agora, em 2017, com o boom da busca pela sustentabilidade e pela “desaceleração” do consumo, ele tem ganhado destaque.
Vale lembrar que Upcycling não é a mesma coisa que reciclagem. Na verdade é visto como uma evolução do conceito da continuidade do ciclo de vida do produto. Os dois têm o objetivo de tornar o planeta mais sustentável: O processo de reciclagem envolve produtos químicos, o upcycling não.
Algumas marcas no Brasil já fazem sucesso com a técnica de reaproveitamento de materiais. A Comas foi criada pela estilista uruguaia Agustina Comas. Aqui, a matéria prima é a camisa masculina. Nas palavras da estilista, “Camisas são peças ícones, de estilo permanente, durável, sem prazo de validade. Essas características acabam se imprimindo nas peças que fazemos, e na política da marca, que vai na contramão da lógica do descartável, das tendências que passam rápido”.
O trabalho da marca começa com a seleção de peças descartadas. É feita uma pesquisa nas fábricas para identificar os melhores tecidos e confecção. O desafio é selecionar aquelas que tem maior potencial para o upcycling. O mix de produtos inclui diversos modelos de camisas femininas, saias, chemises e vestidos, todos feitos a partir das camisas masculinas.
Criadora do Re-Roupa, Gabriela Mazepa busca promover a transformação através das peças que inventa. Suas criações são despertadas pelo que já existe e não serve mais ao ciclo acelerado da moda. Para ela, a roupa é uma segunda pele, que tem o poder de comunicar coisas sobre quem somos. Apresentando sua marca, Mazepa revela: “Queria fazer algo ligado a isso. Essas funções sociais, culturais e políticas que a roupa exerce e que tantas vezes são esquecidas no calendário atropelado da moda. Fui percebendo que havia um universo inteiro a ser explorado, usando o que já existia, que o excesso era uma matéria prima abundante nesse mundo consumista em que a gente vive”.
Economia Circular
O upcycling é um método que se aproxima do conceito de economia circular. A economia circular é o oposto da economia linear, que é a que é praticada normalmente. A linear é a baseada no processo de “extrair >produzir>descartar”. Esse sistema de produção se baseia em recursos finitos. A longo prazo, isso acarreta no risco do esgotamento das matérias-primas, além dos custos cada vez mais altos em sua extração. Já a economia circular, mantém em circulação os recursos que extraímos e produzimos. Com isso, o destino final de um material não significa uma questão de gerenciamento de resíduos, e sim do processo de design de produtos e sistemas.
Dentro dessa cadeia, o design tem papel essencial, sendo um processo criativo capaz de transformar o que poderia ser visto como lixo em algo com novo significado. Ou até mesmo criar produtos que não gerem desperdícios. O principal é eliminar o próprio conceito de lixo e pensar os materiais dentro de uma cadeia que preserve ou modifique continuamente o seu valor.
Boa notícia para quem gostou da ideia: você não precisa sair de casa para começar a aderir à moda upcycling. As duas marcas citadas na matéria vendem pela internet. Bom, né?
Agora que você sabe tudo do tema, que tal aplicar o upcycling na sua vida?
por Isabela de Magalhães
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